sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Fragmentos de insanidade

Você já se pegou fazendo algo que nunca imaginou, que nem nos teus planos mais absurdos estava em pauta?

Pois isso me ocorre com muita frequência, e pensando sobre isso percebo o quanto me é útil a capacidade de não criar bloqueios, se fosse mais aguerrido nos planos que traço tenho certeza que jamais estaria onde estou agora.

O emprego que tenho eu falei que não era para mim e jamais o faria, hoje além de ser o meu sustento e também a minha alegria. O meu curso eu desprezei duranta muito tempo e achava uma inutilidade, hoje defendo com unhas e dentes, e assim se segue. Não vou tomar o teu tempo enumerando um série infindável de exemplos.

O que quero ressaltar mesmo é a maneira como essa informação se processa. Começa normalmente como uma pitada sutil de alguém com quem estou travando um dialogo e posteriormente vira um debate acirrado de prós e contras interno. Chego a passar semanas nessa batalha para chegar a uma conclusão. Por isso considero tão essencial ter um tempo só, a gente perde muito quando não dedica-se a ouvir-se e buscar soluções para os conflitos que nos perturbam.

Outro ponto que se deve atentar, como já citado, e não oferecer bloqueios para o dialogo, tem que faze-lo de peito aberto atentar as ponderações sem pré-conceitos. Avaliar tudo por mais de um angulo, ver os fatores conjeturados, as contingências, etc. Fazer tudo isso é muito trabalhoso e requer maturidade, mas ajuda muito, acredito que assim se produz as melhores soluções para o que nos é mais importante a nossa vida.

Por fim não ter medo das mudanças e cobranças que possam incorrer das decisões que tomar, uso como máxima toda vez que me coloco em risco todos temos o direito de nos equivocar, sempre é tempo de voltar atrás e escolher outro caminho.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Metades cegas

ela sonha ter alguém
que lhe sirva o café todos os dias
ele quer alguém que o aqueças
nas noites frias

ela traça planos
tropeçando pela vida
chorando sozinha
ele corre contra o tempo
tem sucesso e uma vida vazia

ela sai com as amigas
bebida e diversão
e com um sorriso
disfarça a solidão
ele em casa
soterrado na monotonia
embriaga-se para adoçar o coração

ela tranca a porta
e no elevador: bom dia
ele retribui sorrindo
mas n percebem
mesmo estando lado a lado
que são um para o outro
o que sonham todos os dias

metades de alma
que o destino insiste
em não aproximar
tudo o que querem é alguém
para amar

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Pequeno aviso

Ao contrario do que pensa não tenho nada contra o amor. Adoro amar, tanto faz se é um amor literal, poético ou um amor cotidiano de dormir abraçado e tomar café da manhã juntos. O que eu questiono é a exclusividade, a mania de posse. Você deve estar pensando que isso é o natural, o normal. Confesso-te que tenho verdadeira repulsa ao “ser normal”, lutei durante minha vida toda para fugir desse rótulo. Prefiro ser o excêntrico, o louco, o interessante. No nosso cérebro com o tempo o normal passa despercebido. Quais foram as pessoas que marcaram a sua vida? Aposto que não foram as normais. Então não me peça para ter um relacionamento “normal”, isso não vai fazer que eu esqueça ou deixe de de amar as outras pessoas em minha vida, e falo do amor na sua plenitude: afetivo, carnal, companheiro, intenso, insano...

Eu não necessito da posse e nem a quero. Sou humano e como qualquer um de nós falho. Não posso dar tudo o que esperam de mim e essa certeza faz com que considere a exclusividade injusta e desleal. Quero que usufrua das características que gosta em mim e possa, se desejar, procurar e usufruir as demais características que não apresento em outros.

Estou travando uma luta um tanto solitária contra o mito do amor monogâmico. Não é fácil reverter um processo cultural de muitos anos. Esse amor está impresso no cotidiano, está em todos os lados, ele o é “normal”. Mas aos poucos vejo surgir alguns adeptos, percebo que minhas ideias já não são vistas com tanta reserva. No entanto ainda predomina ao meu redor é uma gama gigantesca de hipócritas, jurando amor e fidelidade e levando uma vida muito mais liberal do que a minha.

Por mais duro que essas palavras possam ser, principalmente para um coração apaixonado e convencional, são mais justas e leais. Eu estou sendo franco desde o principio assumido corajosamente os meus instintos e desejos.

Recomeçar

Minha querida amiga. Recebi a sua carta e li a sua triste história, Ler o que me escreveu fez-me reviver muito do que já passei. Gostaria de poder sinceramente arrancar toda essa dor que tens no peito agora com a mesma destreza que um jardineiro arranca as ervas daninhas dos canteiros floridos. Meu desejo era que jamais tivesse que passar por prova tão terrível, mas não há como voltar atrás e mudar as nossas escolhas. Resta-me tentar te amparar da melhor forma possível.

Pensei em escrever-te para tentar amenizar um pouco do teu penar, vou contar como fiz para me libertar da minha dor e apesar saber que nenhuma história é igual e nem as pessoas reagem da mesma forma aos mesmos estímulos. Acredito que podes encontrar alguns pontos comuns e isso faça você criar as próprias alternativas para recomeçar.

O fim é algo extremamente trágico e muda pouco se foi você ou ela quem decidiu por fim na historia. Acho que quem toma a decisão tem mais facilidade de lidar, pois não é uma mudança repentina, a separação é algo que já vem sendo construída ao longo do tempo e as variáveis e reveses já são pensados e medidos para que a ruptura cause o menor trauma possível. Mas quem recebe a notícia de súbito, por mais que já tenha pensado também no assunto, não teve toda essa preparação e o fel da rejeição nos deixa muito mais amargos. Aceitamos muito bem que tem pessoas que não vão nos amar, mas quando se trata de quem amamos é muito complicado de assimilar.

Quando terminou a minha relação, a primeira reação foi a de ver somente parte do todo, sempre fui muito egoísta. Não tenho muita habilidade para ver além dos meus atos. Depois desse desengano estou tentando entender melhor que não são somente os grandes atos que compõe a cena, há também uma gama gigantesca de pequenos detalhes que por serem pequenos, parecem ser insignificantes. Ledo engano, a cena é composta por milhares desses pequenos detalhes e sem eles não tem espaço para grandes atos ou os mesmos perdem o significado. Em suma, durante todo o meu relacionamento me preocupei muito com os grandes atos e esqueci de dar atenção aos detalhes e assim pouco a pouco fui matando a esperança da minha parceira em construir uma relação sólida e feliz.

Mas vamos ao que interessa. O vaso infelizmente já quebrou, existem tanto as quebras em que ele se parte em vários cacos e são fáceis de perceber, quanto as que fazem apenas pequenas fissuras, essas fissuras nos passam despercebidos, e por isso são tão nocivas. Quando ocorre o clássico acabou por tão pouco, pode ter certeza que lhe faltou habilidade para perceber que ao decorrer do relacionamento você provocou diversas dessas pequenas fissuras e não foi capaz com o seu afeto de repará-las mesmo que sem querer. Por mais hábil que possamos ser em reconstruir nunca mais ele terá a durabilidade de outrora. O vaso colado e reconstruído e mais frágil que sua versão anterior e se por ventura voltar a quebrar e ser reconstruído ficará cada vez mais suscetível a ruir.

Por mais duro que seja aceitar, eventualmente, o para sempre que a gente sonhou não é realmente para sempre. Pode durar uma semana, oito meses, doze anos. Não temos um prazo certo para perceber que quem nos cerca não é exatamente o que esperamos de um companheiro, em alguns casos vamos perceber de imediato, outras vezes vamos ter uma grata surpresa em perceber que de onde menos esperávamos surge o parceiro ideal. Acredito que sempre é valido tentar, é com certeza a maneira mais dolorida de saber se o rumo que se tomou é o correto. Mas também é necessário não ter orgulho em admitir que cometeu um equivoco e voltar atrás.

Com o passar dos anos e depois de alguns amores percebi que não existe como expurgar o amor de uma única vez. Estou falado de amor verdadeiro, intenso, insano, não de pequenas paixões e distrações. Essas paixões levianas, esquecemos como ao guarda chuva em um dia de sol. Para que um amor intenso deixe de nos perturbar leva tempo, não existe um tempo fixo: uns levarão mais outros menos, vai depender também das circunstâncias, do ambiente, da própria vontade de expelir o amor.

Levei aproximadamente um ano para exaurir o amor que carregava pela Annie. Eu não queria, mas sabia que deveria fazê-lo. Pois eventualmente amar também pode ser prejudicial. Iniciei o processo lentamente usando de todas as receitas que já devem ter lhe indicado também. Mas não era um processo fácil, por diversas vezes quando acreditava que estava tendo sucesso um telefonema no meio da noite me fazia esquecer os progressos. Deixava de ser racional e me atirava novamente por inteiro em uma insinuação leve de mudança. Mas tão breve a saudade era saciada voltavam todas as dificuldades de outrora, e ela sutilmente sugeria que eu deviria continuar a batalha para esquecê-la.

Eu a amei tanto que trasbordava amor, e devido a isso o amor ficou espalhado por todo meu ser. Num exercício para tentar entender o porquê nos momentos mais inusitado ainda me pegava amando-a apesar de racionalmente esse amor não ser possível e explicável. Imaginei meu corpo e minha alma como um frasco. Sou cheio de curvas, pequenas rugas e imperfeições e quando estava no auge da paixão, meu coração transbordando de amor ia enviando esse amor para todo o corpo e para a alma. Eu tanto lutei que o transformei em algo muito forte que se enraizou em tudo o que ele tocava. Quando o processo de limpeza começou boa parte se foi, mas sobraram muitas placas desse amor preso dentro de mim. Eventualmente uma delas solta e caprichosamente percorre o meu corpo delgado e sinuoso até chegar ao coração. Não existe como prevê-las. Vem quando acordo, quando me deito, durante o café da manha, no meio da tarde e todas elas contem turbilhão de sensações capazes de me fazer sentir: o perfume dela, o frescor da pele após o banho, e a ver nitidamente as expressões dela ora alegres ora tristes. Percebi também que existem catalisadores e inibidores. Ficar próximo dela, conversar com e sobre ela, assistir filmes românticos, ouvir musicas que falem sobre qualquer forma de amor, ler sobre amor e relacionamentos, vivenciar situações melancólicas estão entre os principais motivos para um fluxo alto de lembranças. Já viagens, amigos fora do circulo de amizades dela, dias de sol, atividades esportivas intensas e grandes doses de adrenalina fazem o transito praticamente cessar.

Quando finalmente decidi trocar aquele amor carnal e totalmente irracional pelo amor fraternal, Utilizei de todos os catalisadores para ver se me livrava de todas as placas de amor que estavam presas em mim. Busquei também criar novas situações e sensações que pudessem sobrepor às antigas. Nessa empreitada acabei por exagerar nas demonstrações de carinho, pois não tinha o amor que demonstrava e acabei frustrando pessoas que me foram preciosas. E por não estar ainda limpo totalmente, e ainda n sei se estou, também não conseguia amar como tinha amado a Annie.

O tempo, não vou ser o primeiro a falar isso, é o melhor remédio para as dores de amor. Somente com o passar dos dias e os eventos que irão ocorrer serão capazes de transformar ou apagar o que sente por alguém. Ter medo do que venha a sentir, ficar inseguro, buscar algo novo e se arrepender, não conseguir se relacionar de imediato, temer ser abandonado novamente, etc. São sintomas comuns que terá de superar. Não precisa ficar desesperada nunca é cedo ou tarde para iniciar um novo amor, o que você tem é que se sentir é apta para iniciar um relacionamento sólido, maduro, afetuoso e se entregar por completo.

Eu hoje me sinto assim, estou calmamente procurado o meu novo amor e tenho certeza que em breve ira cruzar o meu caminho. Assim como o seu, também ira aparecer no momento oportuno.

A vida continua...

Um cigarro aceso, uma taça vazia. Tento inutilmente preencher esse vazio que me assola nesse fim de tarde de mais um domingo. Acordei novamente com alguém ao lado, a noite é lisérgica para mim cria uma sensação de plenitude que me abandona sempre que nasce o sol.

Já foi o tempo em que vivia cheio de sonhos. Eu já quis ser médico, escritor, professor, músico, astronauta, ator. Agora no entanto tento vão preencher meus dias com pouco de alegria e lucidez. Hoje sou apenas o que restou desses sonhos todos que não realizei. Carrego ainda comigo um pouco das mulheres que desejei, das pessoas que passara e de alguma forma deixaram suas marcas no meu cotidiano e dos amores que nunca tive.

Vejo no seu rosto a decepção estampada, sinto por não suprir a sua necessidade. Sei que fiz, mesmo que sem querer, você ressuscitar os teus sonhos de encontrar o teu príncipe encantado. Mas estou longe de ser, e querer ser, um príncipe como o dos contos de fadas. Fiz o que todo homem, ou quase todos, faz: agi docilmente somente para sentir o calor das tuas coxas e deleitar-me com sua volúpia. Após saciado o desejo, volta o vazio e o constrangimento que essas relações casuais sempre produzem em mim.

Deixei o tempo apagar os vestígios de civilidade e generosidade e acabei me transformando no que sou hoje: Alguém que se permite a diversão e o prazer sem medir consequências e os danos que poderei ou irei causar. No entanto por mais calejado que esteja para enfrentar essa situação ela é, ainda, um pouco dolorosa. Não consegui me livrar por completo da culpa por não atender a expectativa, fico sempre com o sentimento de querer fazer mais, que no final acabo sufocando. Não tenho mais vontade e muito menos paciência para viver essas histórias que no início são enebriantes mas no decorrer dos dias tornam-se mornas e tediosas.

Acendo outro cigarro, sirvo mais uma dose de vinho. Vejo ela se levantar, pegar a bolsa e me dirigir aquele olhar suplicante, implorando sem palavras para que eu a impeça de partir. Abro a porta e a deixo sair com os olhos carregados de lágrimas. Fecho a porta e encerro mais um história, igual a muitas outras que essas paredes já presenciaram.

A vida continua...

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Eu procuro por alguém

Quero alguém que saiba rir de si mesmo

E não tenha vergonha de rir de qualquer bobagem

Alguém sensível que não tenha vergonha de chorar

E se emocionar com uma bela história de amor


Quero que ame o futuro e o espere de braços abertos

Mas que viva seu presente com a mesma intensidade

É preciso que tenha muitos sonhos

E que trabalhe para realizar no mínimo um deles


É imprescindível que tenha paciência para me ouvir

E que saiba o momento exato para calar com um beijo

Que fale muito também

E ainda assim cultive o silencio


Quero que vibre e goze com minhas conquistas

E divida comigo as suas

Que não hesite em me pedir ajuda

E se ofereça sempre que eu necessitar


Tem que me abraçar com força e ternura

Fazendo me sentir em casa em seus braços

Que solicite também meu abraço

E faça de mim seu protetor


Que me olhe com olhos vivos e cheios de lascívia

Faça-me perder o rumo

Que permita que eu passe horas e horas

Brincando no seu corpo


Eu quero que me ame

Mas que não me queira como posse

E que eu possa amá-lo também

Sem ter que rotular como meu


Que mesmo que deseje

Ardentemente

Mesmo que só pelo tempo em que estivermos juntos

E não esqueça quando não estiver por perto


Pode amar quantos quiser

Com tamanha ou maior intensidade que a mim

Mas saiba me dividir

Sempre que necessário.


Eu procuro alguém assim...

... como você


Leonir Bartnik

28/07/2008

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Simetria

Enquanto alguns lutam incansavelmente
para se manter em perfeita simetria.
Vamos nós trôpegos, a sorrir pelas linhas tortas
Sem preocupação de estar certo ou errado
Pouco importam as linhas, a distancia a simetria

Danem-se as conveniências
Não queremos dormir sozinhos
Já não relutamos em aceitar o fato
De que somos a única pessoa com quem podemos contar

De que valem nomes, telefones, endereços
O que faz, com quem anda
Há tempos aceitamos que dedicar o amor de forma incondicional
E esmagar alguém com todas as expectativas
É desumano

Amar um só ser
É perda de tempo
E que não existem príncipes encantados
Nem conto de fadas

Isso não quer dizer que nós não amamos
Amamos sim
Amamos muito
Amamos muitos
Não restringimos o amor
Não tememos dizer
Te amo

Porto Alegre - 16/07/2008