sexta-feira, 27 de agosto de 2010

A vida continua...

Um cigarro aceso, uma taça vazia. Tento inutilmente preencher esse vazio que me assola nesse fim de tarde de mais um domingo. Acordei novamente com alguém ao lado, a noite é lisérgica para mim cria uma sensação de plenitude que me abandona sempre que nasce o sol.

Já foi o tempo em que vivia cheio de sonhos. Eu já quis ser médico, escritor, professor, músico, astronauta, ator. Agora no entanto tento vão preencher meus dias com pouco de alegria e lucidez. Hoje sou apenas o que restou desses sonhos todos que não realizei. Carrego ainda comigo um pouco das mulheres que desejei, das pessoas que passara e de alguma forma deixaram suas marcas no meu cotidiano e dos amores que nunca tive.

Vejo no seu rosto a decepção estampada, sinto por não suprir a sua necessidade. Sei que fiz, mesmo que sem querer, você ressuscitar os teus sonhos de encontrar o teu príncipe encantado. Mas estou longe de ser, e querer ser, um príncipe como o dos contos de fadas. Fiz o que todo homem, ou quase todos, faz: agi docilmente somente para sentir o calor das tuas coxas e deleitar-me com sua volúpia. Após saciado o desejo, volta o vazio e o constrangimento que essas relações casuais sempre produzem em mim.

Deixei o tempo apagar os vestígios de civilidade e generosidade e acabei me transformando no que sou hoje: Alguém que se permite a diversão e o prazer sem medir consequências e os danos que poderei ou irei causar. No entanto por mais calejado que esteja para enfrentar essa situação ela é, ainda, um pouco dolorosa. Não consegui me livrar por completo da culpa por não atender a expectativa, fico sempre com o sentimento de querer fazer mais, que no final acabo sufocando. Não tenho mais vontade e muito menos paciência para viver essas histórias que no início são enebriantes mas no decorrer dos dias tornam-se mornas e tediosas.

Acendo outro cigarro, sirvo mais uma dose de vinho. Vejo ela se levantar, pegar a bolsa e me dirigir aquele olhar suplicante, implorando sem palavras para que eu a impeça de partir. Abro a porta e a deixo sair com os olhos carregados de lágrimas. Fecho a porta e encerro mais um história, igual a muitas outras que essas paredes já presenciaram.

A vida continua...

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