sábado, 4 de abril de 2009

Carta para Annie

A vida converge para caminhos nunca antes imaginados e acaba nos forçando a algumas paradas totalmente inequívocas. Não consigo reunir motivos lógicos para fazer isso tudo. Simplesmente não resisto a esse impulso de me atirar nesse abismo sem corda ou rede para amortecer a possível queda. No entanto dizer que não tenho prazer de fazer essa precipitação seria negar veementemente o gozo de estar assim livre e pronto para aceitar o que vou encontrar, se encontrar algo.

Não tenho por hábito buscar motivos ou razões do porque as coisas acontecem, também não consigo acreditar no destino. Essa seqüência alucinada de fatos onde apenas uma fração de segundos pode mudar completamente tudo o que virá não me permite admitir que o nosso futuro já esta, completamente, predestinado e por mais que a gente lute não escapará dele.

Lembro muito bem da noite em que pela primeira vez meus olhos cruzaram com os teus. Foram muitos minutos no clássico jogo da dissimulação, te observando timidamente e desviando o olhar constrangido toda vez que esse encontro estava por acontecer. Finalmente não consegui mais fugir desse brilho vívido e hipnótico e entreguei por completo o meu fascínio e meu interesse.

Depois já é de comum conhecimento os fatos que transcorreram, fui forçado a vencer a barreira da comunicação, que parecia intransponível. Usei de um método ultrapassado, mas que serviu para abrir um pequeno espaço e acabou com a tortuosa lacuna existente. Nunca fui um perito na arte de me comunicar e muito menos de conquistar. Estava completamente perdido e ansioso, e você não contribuía para que me sentisse mais a vontade, muito doce e extremamente encantadora só aumentava o meu temor de cometer algum deslize que acabaria colocando tudo o que, força da expressão, já havia conquistado.

Não sabia que estava entrando num turbilhão de sentimentos e que abruptamente voltariam à tona pelo advento moderno que todos chamam de "telefone celular". Permaneci ali fazendo de conta que nada acontecia, mesmo percebendo que tudo aquilo estava lhe perturbando. O que eu queria era que tudo acabasse logo e você percebesse que eu ainda estava ali para lhe dar tudo o que desejasse.

E o que não deveria ter acontecido - avaliando pela ótica da racionalidade e o que ocorreu posteriormente - aconteceu. Tive o prazer de provar o sabor dos teus lábios, teu hálito cálido, a doçura do teu toque e a intensidade do meu desejo. Ignorava que de algo tão fortuito pudesse acarretar tantos efeitos colaterais. O que transcorreu posteriormente: o coração acelerado toda vez que toca o telefone ou chega um novo e-mail não foram planejados e alteram a rotina tranqüila que a muito custo tinha obtido.

Afirmei que logo esse desejo e essa ansiedade iriam abreviar e finalmente sumir. Não tinha motivo lógico para nutri-lo, mesmo porque, não tivemos um desfecho que permitisse aspirações futuras. O máximo que consegui fazer para alimentar a esperança de um reencontro foi lhe informar alguns meios de você me contatar. Atitude equivocada, pois se revelou infrutífera e me deixou de mãos atadas.

Acredito que por mais que se escreva ou se cante não haverá algo que contemple a complexidade do gostar. Não entendo os mecanismos que iniciaram ou vão encerrar tudo que sinto agora, e isso me perturba profundamente. Tinha assumido um compromisso comigo de não permitir que esses sentimentos pudessem afetar meus anseios e planos, não quero julgar os méritos do que ocorre e sei que por vezes perdemos o controle e felizmente ou infelizmente somos carregados pelas tempestuosas emoções. Após vários dias lutando para amenizar a força dessa tempestade acreditei que ela tinha cedido e aos poucos tudo estava voltando ao que chamo de normalidade. Mas quando acabam as distrações da correria do dia-a-dia, ela volta e traz mesmas sensações e desejos.

Poderia esperar o tempo fazer o seu trabalho, deixar que você se tornasse somente uma doce lembrança de uma noite inverno. Mas tenho a nítida impressão que futuramente acabaria reavaliado a situação e me questionaria do porque desisti sem ter lutado um pouco mais, afinal não é todos os dias que uma linda garota com os atributos e os pequenos detalhes que admiro cruza ao acaso meu caminho. Quero ter a oportunidade de estar novamente com você, descobrir os teus segredos e o que te faz feliz.

3 comentários:

  1. Valeu, Leo. Vou passar por aqui também. Abraços, Jéferson.

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  2. Amor monogamico seria isso amigo? nos sempre conhecemos alguem que abala nossas estruturas, lindo a forma com que colocaste

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  3. Gostei do comentário do "Anônimo"... rs... Jamais diria que isso foi escrito pelo mesmo Léo que eu conheço, mas bom saber que você sente as coisas assim! :O)

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